De tudo o que Abril abriu
ainda pouco se disse
um menino que sorriu
uma porta que se abrisse
um fruto que se expandiu
um pão que se repartisse
um capitão que seguiu
o que a história lhe predisse
e entre vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
um povo que levantava
sobre um rio de pobreza
a bandeira em que ondulava
a sua própria grandeza!
De tudo o que Abril abriu
ainda pouco se disse
e só nos faltava agora
que este Abril não se cumprisse.
Só nos faltava que os cães
viessem ferrar o dente
na carne dos capitães
que se arriscaram na frente.
Na frente de todos nós
povo soberano e total
que ao mesmo tempo é a voz
e o braço de Portugal.
Ouvi banqueiros fascistas
agiotas do lazer
latifundiários machistas
balofos verbos de encher
e outras coisas em istas
que não cabe dizer aqui
que aos capitães progressistas
o povo deu o poder!
E se esse poder um dia
o quiser roubar alguém
não fica na burguesia
volta à barriga da mãe!
Volta à barriga da terra
que em boa hora o pariu
agora ninguém mais cerra
as portas que Abril abriu!
Lisboa, Julho-Agosto de 1975
Excerto do poema "As Portas que Abril Abriu" da autoria da José Carlos Ary dos Santos. Para ler o poema na íntegra, clique aqui.
Ao som de Grândola Vila Morena, eu quero dizer-vos hoje, neste dia, que vocês são os meus Heróis de Abril!!
Todas as revoluções tem os seus heróis, e sem querer tirar o mérito aos demais, para mim foram vocês, quem primeiro fez, a Revolução dos Cravos!!! Talvez, porque sempre acreditei, e quero continuar a acreditar, que tudo começa na família, 25 de Abril para mim, significa também, Pai e Mãe!...
E como tal, hoje, eu quero, eu vim aqui agradecer-vos, o facto de, ainda muito antes de ser 25 de Abril nas ruas da cidade, já há muito o ser na nossa casa, nos nossos ideais, nos nossos valores e nos nossos corações!
Obrigada por me terem feito crescer, sabendo e compreendendo, sempre!, o verdadeiro significado de palavras como IGUALDADE, JUSTIÇA, FRATERNIDADE... E LIBERDADE!!!
Obrigada por me terem ensinado, a nunca calar a minha voz, quando sei que tenho razão!
Obrigada por me terem ensinado a coragem de me insurgir quando vejo que algo não é correcto, mesmo sabendo que na maior parte das vezes, como consequência disso, eu possa sair prejudicada!
Obrigada por me terem ensinado, que não é fraqueza, estar sempre do lado dos mais fracos!
Obrigada por me terem ensinado, que todos os seres, à partida, são iguais!
Obrigada por me terem ensinado, que todos, sem excepcção, merecemos o respeito, e viver com dignidade!
Obrigada por me terem ensinado que o nosso bem maior, é, acima de tudo, A LIBERDADE, e que no final, por direito e sempre!, O POVO é, quem mais ordena!
Obrigada!! Porque com tudo isso que me ensinaram, tornaram-me assim, à vossa imagem e à luz dos vossos ideiais, na altura revolucionários, sensível, idealista, sonhadora, corajosa... E LIVRE!!!
Obrigada Pai!!!
Obrigada Mãe!!!
Não sei porquê, nunca vos tinha dito isto... Mas hoje, eu decidi dizer, e quero que saibam, que vocês foram, e são, os meus Capitães de Abril!!!
Jo
Este post foi publicado exactamente às 00h:20m... A mesma hora em que, há 34 anos atrás, no dia 25 de Abril de 1974, "Grândola Vlia Morena" tocou no programa "Limite", da Rádio Renascença, servindo de "senha de avanço" para que se iniciasse a Revolução dos Cravos!
25 de Abril... SEMPRE!!!!
Jo
Não importa sol ou sombra
camarotes ou barreiras
toureamos ombro a ombro
as feras.
Ninguém nos leva ao engano
toureamos mano a mano
só nos podem causar dano
esperas.
Entram guizos chocas e capotes
e mantilhas pretas
entram espadas chifres e derrotes
e alguns poetas
entram bravos cravos e dichotes
porque tudo o mais são tretas.
Entram vacas depois dos forcados
que não pegam nada.
Soam brados e olés dos nabos
que não pagam nada
e só ficam os peões de brega
cuja profissão não pega.
Com bandarilhas de esperança
afugentamos a fera
estamos na praça
da Primavera.
Nós vamos pegar o mundo
pelos cornos da desgraça
e fazermos da tristeza
graça.
Entram velhas doidas e turistas
entram excursões
entram benefícios e cronistas
entram aldrabões
entram marialvas e coristas
entram galifões de crista.
Entram cavaleiros à garupa
do seu heroísmo
entra aquela música maluca
do passodoblismo
entra a aficionada e a caduca
mais o snobismo
e cismo...
Entram empresários moralistas
entram frustrações
entram antiquários e fadistas
e contradições
e entra muito dólar muita gente
que dá lucro aos milhões.
E diz o inteligente
que acabaram as canções.
La, la, la, la, la, la, la, la, la, la
La, la, la, la, la
La, la, la, la, la, la, la, la, la, la
La, la, la, la, la...
Musica de Fernando Tordo.
Letra de Ary dos Santos
Escrito no final de 1972. Interpretada por Fernando Tordo, concorreu ao Festival da RTP de 1973 onde obteve o 1º lugar.
(composição/autoria da foto - Rosa Silva/Azoriana)
Dedico este post a todos os amigos, que nestes últimos dias, comigo participaram na brincadeira da "Toirada da Jo"!! Obrigada por terem aderido tão prontamente à ideia, provando mais uma vez que não há gente como a da Terceira!!! Terceirense rima com festa!!!... E seja no real ou no virtual, na proximidade ou na distância, onde há um Terceirense, há logo dois ou três, e há, com certeza, ALEGRIA!!!
Oh raça bendita, à qual eu me orgulho tanto de pertencer, que tens a folia nas veias!!!
Jo
Vôos Regulares
Academia do Bacalhau da Ilha Terceira
Escalas Obrigatórias (para ajudar, ou saber mais sobre as seguintes causas, clique nos links)
Gatos Abandonados (Monte Brasil)
VIVA - Volunteers for Inter-Valley Animals
Refeições a Bordo